domingo, 16 de outubro de 2011

Nelas Três







Foi de mal dizer que desdenharam toda minha displicência de não conter, ainda assim pavio fez de tanto nos encorajar na macia tarde de novela, naquelas nelas três, que sentavam-se nas esquinas, de saias, com as garrafinhas de refrigerante, de canudinho e sem calcinha, óculos redondos grandes e charmosos, coloridas, amarelas, brancas, e vermelhas, tragavam açúcar sem parar... eu só lembro-me das vinhas que via, e das entranhas, e também do momento "cross leg". Como era lindo o observar, quase tonto, nossa vida era mais kuat, o tempo passava como sol dela à tarde em no rastejo da hora. Era lento! Com essas observações eu cresci, cresci pra dentro da barriga, já sabia o que era libido desde coisa. Quando resolvera chamar-me , cheia de charme, eu já era poeta. Precisei de força e ferro pra não demonstrar toda minha alegria de estar ali, com nelas três. O convite do quarto e a presença do ritual, era demais, antes só uma ideia surreal, esperando por um dia que nunca aconteceria...
Ali, naquele dia, foi de tanto tragar glicose que me deslizei prum nato ego verde. No caminho com elas, víamos a cidade em tempo delas, antigo. Paralelepípedo, o jovem magro em frente a banca de revista, de camisa listrada, cabelo enrolado, sua bicicleta, fumando cigarro. O black na janela e seu radio nas nádegas da rua, movimento, som de fundo, carros bee geesianos, motos magricelas, pássaros de lado seis desafinados, e eu com nelas três em rumo do DIA. Cem metros e a casa eu já avistava, a única com tendência americana, de sótão, jardim verde sol, muro amarelo, casinha de carta, e meus pés... de sapato couro alto, na ânsia de chegar lá. - Calma, senta aí, pega a playboy, e veja a graça de desejar. Uma delas,nelas três, disse-me isto, e eu fiquei no arrepio de espinho denso. A revista era atual, já imaginei que elas eram ligadas nisso, as fotos... cada pose sereia rosa flor d'água que eu jamais tinha visto em minha vida. Só esperava por acontecer. Só conhecia elas de vê-las sentadas na calçada, e dos boatos tentadores que jorravam por aí... Alguéns jamais acreditariam que eu estava contido na estética americana do bairro, com nelas três. E aí então, mais refrigerante pra vida, papos, e eu só sabia risar. Tempos postos longos passado, uma pergunta é me atirada. - Já viu uma vagina na vida, além dessa da foto da revista ?
Nesta hora, a ventura de ser era tarde me co-impelida como mosca na teia, eu já tinha visto, várias vezes nos milésimos "cross leg", elas só andavam sem calcinha, a saia era grande... e seus ares de sacanagem também, o vazio do espaço preenchia-se de puro libido. Mão por trás da cabeça, peito pra fora beijando o vazio, e poeta-lhe nelas três. - Lá de ver ! Foi o que eu respondi. Elas ejacularam suas risadas, sabiam da minha fama de "neurolápis conta flor", entenderam ou infingiram que entenderam muito bem. O tal do "Lá de ver", foi apenas uma maneira de dizer que naqueles momentos em que cruzavam as pernas eu via suas vaginas com bastante atenção, então deixei por isso mesmo, tive a sorte de uma não suposta revanche. Esperei-me delas com toda tensão, o fingimento ou entendimento delas para com a minha resposta era maquiavélico, cenas, filmes, suspense, pois não diziam-me nada, só balançavam a cabeça encenando aquele "sim" erótico, com os dedos na boca, uma perna ia no braço do sofá, e a outra no chão, a outra mão ... passeava pela longa perna, creme, lisa, de instigas serenas... faziam-me concentrar o olhar nos movimentos, passar "mal" e suar, em poucos instantes minhas mãos começaram a tremer, e eu felizmente tive que acreditar, eu era o privilegiado da vez, por estar com nelas três.
O dedo dela que estava na boca, agora passava a deslizar pelo corpo, leve, suado, e solto, prendia-se na região barriguinha-seios-barriguinha. Em um piscar de olhos as três se prontificaram de ficar em uma mesma posição, uma ao lado da outra, como uma barreira nelas-lhe me. A coreografia passara a ser coletiva, o corpo mexia-se em um rebolado sexy, pro lado e pro outro, movimento virgem de ver, meu olhos viam o mar nu, a lagoa em transe, o rio em orgasmo, e meu corpo em pedra, ... estático. Elas de pernas coladas, juntas, justas, agachavam-se e levantavam-se sem perder o equilíbrio, o gingado, o reboliço, o tempo és conjugado, até que ...




A blusas caíram, junto a elas... a minha boca, a primeira, tinha seios redondos, cor creme, macio como a almofada que era sufocada dentre as minhas pernas, a segunda ... seios brancos, triangulares, mamilos roseados, e a última... era uma morena pecado, seios com a cor do erotismo, bem cheios, formados por luas e céu, envenenava-me por deixar-me sem saber o que fazer. Por fim... coreografadamente cada saia escorria pelas pernas, uma sincronia magnífica, e no contínuo movimento sexy do balançar lá e cá, iam-se também ao encontro do chão ... as calcinhas, só o corpo nu, só o pecado, só o meu acenar de "não, isto não está acontecendo, não acredito, salve o mel" e elas vinham, andando lentamente, em cima de mim, com o ar de devorar, eu já estava o máximo possível encostado no sofá, pulei para a escada da sala, subi para o quarto, elas me perseguiam, começaram a correr, tropecei e caí perfeitamente na cama em uma tal posição perfeitamente proporcional para a hora do "o que será que elas vão fazer comigo?". Eu já não via mais o teto do quarto, estava mesmo deitado na cama, só via-se a carne, só o cheiro, só o toque, e a cada segundo que se passava uma parte do meu corpo ia sentindo frio, primeiro os pés, de vez foi o peito a barriga e as pernas, restava-me a cueca que continha a imagem de uma garrafa de Passport, elas riram endemoniadamente e uma delas logo buscaram aquele uísque. E então, saíram despejando todo líquido pelo meu corpo, beijando-me, mordendo-me, ardendo-me pela noite do desejo, excitando-me.. o corpo flexionava, os olhos fechavam-se, a boca sempre abria e gemia, as nádegas começaram a sentir frio, e era o sinal suficiente pra saber que meu corpo estava completamente nu,eu à pertencia. Os longos cabelos delas nelas três me cobriam, o rosto delas não saiam do meu, estávamos todos grudados, duas delas resolvera fazer amor uma com a outra, passavam uma a perna noutra, as vaginas se encostavam, era tudo lento, sincronizavam perfeitamente o movimento em busca da satisfação... a terceira, me largara na cama sozinho, e eu aproveitei para ver toda a cena sexual que acontecia no momento.
Fui surpreendido por um abraço por trás, a terceira havia chegado me abraçando com um pote estranho na mão, beijava-me pelo pescoço, e eu ficava em dúvida se tentava descobrir o que havia ali dentro, ou se prendia mais ainda a minha atenção no lesbianismo que começara a ficar selvagem. Gritos, gemidos agudos, fortes, excitantes, até a lua que dava-se pra ver da janela do quarto escondia-se nas nuvens, e as duas .. cada uma pegou em minha perna, a outra ainda continuava a me beijar no pescoço, e rapidamente eu estava preso de novo por elas, logo o conteúdo do pote que estava na mão de uma das nelas três era me embutido no âmago da minha garganta, gosto de sangue, vinho, de sexo, de ... de... estranheza, era a hora do ritual, aquilo iniciava-se.
- A contemplação do que não seja tarde, feita que é ardente, que não seja sexo, que esteja convexo quanto nos cultue, somos deusas, ninfomaníacas, virgens de não se perder, escolhemos o deus, o poeta de histórias escondidas, de versos nos entretida, de orgasmo nos concedida, sem hora, sem ida, sem partida. Pela tarde somos garotas, enfeitamos o sol e a beleza de quem nos ver, e a imaginação de quem pensa nos nuas, e lavamos os anos pois todos os anus são iguais, o tempo somos o que somamos e suamos, mas agora... queremos vocês, a sua carne e o seu legado literário, isso nos fará de insanidade, de eternidade...

Fiquei sem palavra alguma, uma... em mim cavalgava, a segunda encostava suas partes em meus lábios, e a terceira... masturbava-se em meu olhar.
Era frio mas era Janeiro. Nelas ...






Matheus Carmo

Um comentário:

  1. "Calma, senta aí, pega a playboy, e veja a graça de desejar...". "queremos vocês, a sua carne e o seu legado literário"... Erótico, sagaz, poeta: Você! Um conto pornográfico, nada sutil, delicioso de ler. Bravo!

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