domingo, 19 de maio de 2013

Jards In Edit

Uma hora e meia no ponto de ônibus,
os pulmões confortáveis que já não cabia mais cigarro,
a paciência na casa da porra, e a raiva à mil.

- Ele ainda não chegou amor, tô com muita raiva. Pegue a sessão, pague a minha, dê um jeito,
nem que eu chegue na metade do filme, eu irei, eu vou assistir.

O buzu chega.
Eu chego.
Solto.

Chego lá, vejo ela, ela me vê, aquele beijo, só serenidade.

- Pergunta a moça se tem como a gente entrar ainda
Ai eu respondo dizendo:
- Ta bom.

-  Boa Noite minha querida, já se passou quanto tempo de filme?
- Já se passaram 40 minutos. (Ela me responde, na macia calma chuvosa da voz)
- Falta quanto tempo pro filme acabar? (Eu estava ansioso pela resposta, esperando algo como pelo menos, uma hora)
- Faltam 53 minutos pro filme acabar, senhor.
Ainda assim fiquei feliz da vida, pensando: ainda tem tempo pra caramba!
- Tem como entrar ainda?
Positivamente ela me diz que sim.
-Então, me vê dois ingressos que eu quero entrar! Exclamei.
Esperava só pelo ato dela de me entregar os ingressos, mas não, eu fui surpreendido:
- Olha, trabalho na produção, eu tenho dois convites e eu vou lhe dar pra você assistir.
- Nossa, sério? Perfeito! Muitíssimo obrigado!

Ela nos leva até a sala e eu entro, com a melhor companhia que poderia existir, meu filho e minha mulher.

Entrando na sala:

Lágrimas,
lágrimas
choro.

Saindo da sala:

"Imagens são palavras que nos faltaram"


Matheus Carmo

sábado, 18 de maio de 2013

Sabedoria Pós-Modernista



- Você precisa saber levar a vida, meu camarada (Sujeito 1)
- É mesmo? (Sujeito 2)
S1 - É sim, de verdade.
S1 - Há momento pra tudo.
S2 - É mesmo?
S1 - É sim, de verdade.
S2 - Então tá, é sim, de verdade.

Matheus Carmo.

Estas lá

Ações involuntárias
Desejos voluntários
Quem dera que desse
Quem dera que dela pudesse
Quem dera que me dera e viesse
Que acompanhasse
Que me
Que face da seiva
Que fosse da ameixa
Que fosse que foice nus trouxe
Que dia mais otário
Que dia mais lindo
Que dia mais amanhãçado
Que dia mais indo.



Matheus Carmo

sábado, 11 de maio de 2013

Monólogo fino.

Tem vezes que eu queria estar junto com Thomas, e bater altos papos, falar pra ele:
- Véi, esse é Toquinho, um dos maiores monstros do violão, e já fez muita música com um dos maiores poetas do Brasil, se ligue ai no som.

Matheus Carmo

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Das partes


Futebol, um verso
Dança, outro verso
O Tropicalismo, mei metade
O Rock, mei vaidade
A cachacinha, uma obra
O amor, a munição inteira


Matheus Carmo

terça-feira, 7 de maio de 2013

Poema de Contato

Danço,
dancei,
que lá,
me Euzei de tanto.
Nunca tinha gozado em tantos corpos como hoje,
e todos eles, quase todos, gozaram em mim,
tava mais melado que mela,
que dera coice de fera,
então, eu tava era no chão.

a) Tudo começa no chão
b) O princípio é o ontem
c) Eu vim mais cedo

Tava lá, experienciando, em sala escurecida
sem ver,
desalimentando minha timidez
esfregando-me,
subindo-me,
até altura de cima.

---------A Dama da dança-------
Foi primeira, e de primeira, como tudo e tudo mais,
Eu fui de modos gregos em meu corpo, minhas pernas eram como a mixolídia,
e só meu corpo, a Dama tinha uma orquestra nas ventas e uma ordem sinfônica nos culhões,
o truque era só desobedecer.
Logo eu estava em mim, e ela também, cada vez mais, solando no corpo e arpejando no solo, no chão, no colo, no polo, no poro,  no auricolo, no golo, no sacholo.

E tudo por quanto a leveza os deixarem fluir.

Fui de um, fui de outro, daquela do olhar de selva, do meu olhar de cabra.
Ela gritava,
e eu a selvageava,
como um lagarto,
como um leão,
como um rato,
eu tinha o corpo de uma Les Paul,
e um jeito de uma selva,
assim, como sou,
com quebra,
de quebra,
tudo que quebra presta,
então, na quebra, dava o carinho,
de um bebê,
de uma criança,
mas os pés...
eles não saiam do chão,
como Barros,
me celestei demais pelas coisas rasteiras.
Ela fazia tudo em troca.

___ Do Pulo___
A do elefante nas costas,
porrada verbal pra pegar o embalo,
tudo entendi, ouvidos de silhueta,
é como funciona a academia.
Quanto mais tempo, melhor,
que some pra mais,
o jeito, e a selvageria,
o Elefante, e a Les Paul
o doce, e o desengonço
que seja torta, que seja torto.

----Costura Interna----
De dentro sentia,
tinha certeza.
Como eu quis estar grávido.
----Costura Externa----
Ela foi a quem mais emaluzou,
quanta energia, brilho, sabedoria, e encanto no ar,
o contato de uma criança.


Pernas cruzadas, olho n'olho,
mão de cá senti  mão de lá,
subtonei o olhar por vezes,
mas consegui enxergar "Amor" no direito,
e ter certeza que ele de dentro sentia,
no caminho,
tomei impacto
que coisa que não se sabe
era forte de dentro, e fraco de fora,
n'um sei que mais de lá.

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Eu danço,
dancei,
que ofusca zambeta
só quero dançar, coisar, e ar, e gar, e fá, e rá, e ta, estar, e pá, e nar, e sar, e mar.


Matheus Carmo





domingo, 5 de maio de 2013

F.

Foda-se: Na minha cabeça tudo é muito simples, engata a marcha e foi, a realidade é a poesia, e muita gente burra não enxerga. Quem quiser me acompanhar que tenha gás. Pra explodir e renascer. Eu gosto do esparro, e perder uma barrinha de life no perigo, tomo até Toddynho sem agitar a caixinha e até café com manteiga; E sempre de regresso a essa fajuta boemia, porque é bom tomar cerveja. Meus poemas surgem de tanto ralar a sintaxe no pinguelo do asfalto, e tudo quanto sai, é torto, é tonto e é torto. Foda-se também a poesia. Seu versos sujos jamais serão lavados.
Tudo é necessário de alma, de amor, de carinho e atenção: venha venha, venha transcender. Assim que é bom.
E agora, com um tanto amais, alcançar o inalcançável e reviver. Foda-se.


Matheus Carmo

sábado, 4 de maio de 2013

Recortes

Desastre,
desastre,
desastre,
tanta dança pra não dançar.

Vontade,
vontade,
vontade,
daquela que é melhor deixar pra lá.

'- Vem cá ó, vou te ajudar, se levanta - smack -
faz assim...isso, muito bem, ta chegando lá... - smack -

- Amei, quero fazer sempre...! - smack -'

Eu sei, essa dança é doida pra me dançar, mas... foda.
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É essa zomba antropofágica também
Vulnerabilidade
Incômodo
Eu te garanto porque '... te muitas coisas'
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Deixar só?
Não.
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Esse poema tem mais lágrima quê qual quer coisa.

Matheus Carmo.