sexta-feira, 29 de março de 2013

Pás

Comer comer, celebrar e orar
Que aqui os versos não engasguem nossa digestão 
E que de contra partida não faça ferida na contemplação
Meu irmão, então, ou o feixe ou desfeche ou o peixe ou então 
E há de haver tudo de novo, ad infinitum, ad eternum, de novo,
O ovo 
Sem novo 
Meu ovo 
Do povo
Sem olho 
Removo
De novo
O alvoroço
O aforo 
É roubo 
É no couro
E no osso
Que é dado, o grosso
O caldo 
O esforço 
Do homem
Do moço
Que não vê mundo novo

...

Arroto

Feliz Páscoa pra todos.


Matheus Carmo 


 
  

domingo, 24 de março de 2013

Post pra Ray

                  Pois que hoje lembrei muito de você, aquela garota da munhequeira do Ramones...ah... essas lembranças só amassam minhas saudades,
e quando me pego saudosista me sinto um frasco de extrato de tomate todo espremido,
com aquelas mãos passando, espremendo mais um pouco, até o fim, pra tirar o último restinho de conteúdo ali dentro.
São 21 cartas guardadas, ainda com cheiro de 8º série, com o valor da minha idade, cheias de ideias, e registros da vida.
Você falava sobre Deus, o mundo, amor familiar, e medo;
Eu falava sobre Deus, o mundo, amor familiar, e Punk Rock
                  Naquela época, tinha composto 4 canções para você, elas basicamente me faziam falar as palavras como se fosse um ditado, igual a Lobão no CD Acústico. Quando eu te mostrei a primeira canção, e falei: É pra você! Ficamos cerca de quase um minuto, só nos olhando, e você cansou de me olhar e lascou-me aquele
beijo, que eu lembro até hoje, jogando-me na cama, e por ali as horas passeavam.
Não nos falávamos na escola, ali era o lugarzinho só de trocar cartas, preferíamos conversar entre quatro paredes, enquanto que meu Windows 95 tocava Ramones, a gente sorria, e conversava, de montão.
                  Você era o tipo de garota que me fazia visitas inusitadas, às vezes só pra dizer: Hoje eu botei um Piercing no mamilo, quer vê?
Era bom também quando a gente se esfregava pela cama, loucos de paixão, tudo ardia, tudo era quente,
e os lençóis absorviam aquele cheiro de vagina de menina-moça, e isso bate uma puta saudade no meu coração. Como eu era tão jovem.
                Eu já sabia que nossa relação iria se esvair, que você iria se mudar pra Aracaju, mas quisemos, na pura coragem, levar até o fim, até o quase-último-dia, e neste período, quando chegava a noite, eu chorava de montão, esfregava meu nariz pelos lençóis, pelas cartas, e saia dando um raio em cada coisa que me fizesse lembrar você.
Prensava-lhe na parede e ah, recordo que tudo que eu te explicava era demonstrado usando alguns galhos achados no chão, da última vez que conversamos sobre nossas vidas, naquela noite de despedida, eu usei eles para fazer você correr e ser prensada na parede, tentar te dar o último beijo, que você rejeitou, e se safou, correndo em direção a sua casa me chamando de "Idiota", em outras palavras, soltando Haduken em meu peito; isso me doía extremamente tanto...
                 Nossas caminhadas às 5 de la tarde, eu te levando até em casa, caminhávamos pelo Bosque Imperial, um olhando o sorriso d'outro, e tudo era tão sadio. Você me deixou tanta saudade que ainda tive o prazer de matá-la, depois de você já ter se mudado,  por umas duas ou três vezes no decorrer dos anos, por essas esquinas de Salvador.
                 Por volta de 2011, cheguei a tentar falar com você, mandar mensagens pra vê se você ainda está viva, adicionar em facebook, e coisa e tal; nesse ano desejei-lhe feliz aniversário, mas você não me respondeu até hoje, não deu nem um 'like' nas minhas felicitações, só ao menos, me aceitou nas redes sociais, isso me entristeceu, porque sei que nas camadas mais insanas, ficou a nossa amizade... ficara.
                Você era a eterna Ray Way, assim que a se chamava. Mas depois me diga: que você já tem muitos anos com o seu namorado, que você está 'felizona', que a graduação acadêmica segue tranquilamente, que ainda continua escrevendo, e que também guarda as minhas cartas, e tal, manda um sinal, de sorriso ou de felicidade, de tristeza ou de estou viva, é só isso que importa.

Para Ray Way



Matheus Carmo
               

sexta-feira, 22 de março de 2013

Que Maresia.

E todo que todo esforce-se ao vento, 
De barriga deitei na barriga da maresia que esta Sexta carrega
De prova
De teste
De banho
De quarto à dois, soados
D'uma Dobradinha com farofa universitária
D'um Picolé de Limão 
De uma cervejinha de boca enferrujada 
De um cigarrinho em digestão 
De Por
Do Sol
De perder-se
Zumbido
Crente
Anzol
Da cagadinha no banheiro do terceiro andar
Do desabrochar
Da brocha 
Do rachar
Que de toda Sexta-Feira fosse
a foice de anti-mão
da Segunda ingratidão
E então...



gozar.

Matheus Carmo




domingo, 10 de março de 2013

Versos mal lavados.

Por hoje finda-se a tarde como quem tarda-se o fim
Uma menina pronta para aprontar nossa vida
Que dela, esteja perto do amor, ao modo que nós assim também estejamos
Que o medo e a dor,se descuide pelos cantos

Só proeza, só o vento passar
É essa maresia que me cala
É este Pôr-do-Sol faminto
E só reflexão jogada no mar

Estes dias, as palavras não tem me procurado
Nem quando sentei no advérbio
Ai eu me sinto desnútil
Ai eu me sinto meio verbo

Da nem vontade da vontade
Uma canção não consegue soar
E por isso faz-me suar
Como a sua é usar

Um estado em que a poesia é insuficiente prum tanto de  tantas cousas
Um estado em que eu não tenho estado à toa
A boa é a pessoa-avoa-ecoa e zoa

Eu quero um Me-quero-me
Que minha cabeça só pula ensolarado
E tudo quanto fraqueza nas brechas da resistência
Fazendo de só, de dado...

47°C de febre nos versos acima
Todos doentios
E o último soneto que fiz, ficou com disenteria

Caganeira nas palavras que só o tempo pode nos curar
Do Cu da Sintaxe não sai nem Sintagmas
É o tempo passar
A palavra não precisa de chá

De tchá-tchá-tchá
De chacha
Só de charlar
Ou só deixar lá


Quiçá.
Pois que a poesia é o corpo de quem a faz
É o porco de quem está por trás
E é no toco que o deus estás.
Ou no topo de não existir mais

Essas palavras foram feitas pra serem estendidas no varal
E todos esses se doendo de rima,
Pra serem compreendidos no vosso reino

Foi de surpreendia que me dei por aqui
De tantas que deparei-me assim
Que agora eu só peço,
O despeço ruim.


Matheus Carmo