sábado, 23 de fevereiro de 2013

Queixas e Deixas

Deixo-me as queixas desses momentos tempestuosos 
Ao puro martírio, trilho, e óleo,
Sabendo que é tão duro enferrujar enquanto que se tem gás
Que me dá nos punhos essa dor amais, de outras quais
Já não sei mais e nem importa os tais

Aprendi minha mudança,
De bons tempos
De um velho expressar
De tudo quanto se tem por ter só 
E não mais ter alegria ou desejo de mostrar

Mas digo que falta o ar
Quando vejo pássaros repetindo a mímeses que eu já fiz
Cheirosas e proveitosas à sorrir
Esperançosas e virtuosas... aqueles tempos

De hoje me tenho a palha
Daquela falha tão sutil
E me amar a mil
Como mil estariam ao meu lado

E foi de tanto amargo
Que deixei doce esse verso
E perverso da minha vida

Por me tornar ego
Narcisista de Abril
De entrar por onde não há saída

Por ser pego
Onde há paz distraída
Em meu plantio de horas tortas
De descarregar essas pilhas.


Matheus Carmo

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Aula de Desenho Poético: Desenhando o Amor


Pra desenhar o amor n'um papel, basta desenhar o vento dando voltas e mais voltas no rêgo de Fofó,
um'ora arrepia, outrora agonia.


Matheus Carmo

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Poema de Cinza

As lindas
As deusas, das coxas grossas e carnudas
Seja branca, morenassa, que seja...
A pele do pecado.

Felizes, alegres, e sorridentes
Pronto ao agarro, ao esparro
A bendita sedução
A loucura do carnaval

De tudo elas tem
Até confusões mentais
Abre-fecha-abre-fecha, as pernas
Os lábios...assim muitas vão

ou se vão.


É pena?
É a dó?
A crueldade?
A vida?

Ao fim da festa...Voltam
Juntas ao sol
Sem conseguir esconder as manchas,
O cabelo embaraçado, a pele marcada...

És tanta clareza, iluminar.

Não há como esquecer deles,
Que entram em qualquer túnel
E vão de rabo de foguete
Esquecem qualquer hora...

Que a hora goza neles

E retornam tristes,
Apaixonados,
Pela puta vida da moça da orla
É fim, mais nada consola

Só um outro carnaval.

Matheus Carmo.







domingo, 10 de fevereiro de 2013

Este Poema.

Que desse poema ele fosse o mais triste
Que dele pudesse escorrer os lírios do sol
Que o poeta pudesse chorar as letras
E as avessas chorar o arrebol

N'uma aurora, outrora eu chore as cordas
O aço aflora essa vida que não há aqui fora
Antes ter dado voltas
Antes não ter dado cordas.

Antes não ter sido
Antes não ter existido o antes.
É o perigo que eu firo
E assim prefiro,por ter sido bastante.

Por tecido costurado na minh'alma
E ter me agregado aos cheiros
A minha voz e a das borboletas
Tem horizontes de perfumes e meios.

E foi nesse Verão que me dei as graças
Atingi os altos gorjeios
Quebrei algumas belas taças
Quando tudo foi parte d'um devaneio

Que este poema seja o mais triste
Que esse ao menos seja capaz de dizer que me sinto triste.
Ao menos.

Matheus Carmo







sábado, 2 de fevereiro de 2013

O Mediador em Ação.


"[...]Todavia, o 
sentimento deste fenômeno tem sido variável; nas sociedades etnográficas 
não há nunca uma pessoa encarregada da narrativa, mas um mediador, 
châmane ou recitador, de que podemos em rigor admirar a prestação» (quer 
dizer, o domínio do código narrativo), mas nunca o «gênio»." (BARTHES,Roland.A Morte do Autor,São Paulo,2004,p.1)

A função de um mediador é de suma importância para Literatura. Ele carrega diversas possibilidades diante do ato de recitar um texto de natureza literária, e isto torna admirável a sua prestação.
Um mediador, não é o autor do objeto a qual está dando conta naquele determinado momento e espaço,
mas ele tem um poderio de grandes propriedades. Veja que agora não estou mais falando de texto em si, mas do objeto literário. Fascinar o receptor pelo objeto, é uma de suas importâncias e uma das possibilidades que o mediador tem;  outras como: enfatizar ou não enfatizar o autor, levar o objeto pra outras possíveis conotações, dar outras utilidades a obra, criar ou não criar uma ponte entre contexto histórico atual e vida do autor, construir ou desconstruir aspectos literários,etc.

Considerando o tempo e espaço como fatores que influenciam nos resultados, e ou, nas consequências, durante e após a leitura de um objeto literário, por exemplo a sala de aula e os indivíduos ali contido junto ao mediador, notoriamente percebi que há um problema no quesito, jeito/maneira/forma, em que o mediante lê este objeto. 
Identificação do mediador, sendo espaço sala de aula: Professor, aluno, e palestrante, normalmente um professor. 

A palavra ler,  agora, passa a exercer a sua real semântica quando for vista no decorrer deste ensaio, ignorando os significantes como: interpretação e análise; Falo em Leitura pra Literatura. Seja qual for o objeto, quem for o mediador, e aonde ele esteja (espaço), a leitura desse objeto (conto, poema, ensaio, leitura sobre vídeo, tela, etc) deve ser específica.
Notei que em algumas aulas de Literatura Brasileira e a Construção da Nacionalidade, e em uma palestra na disciplina Leitura de Produções Artísticas, que os objetos literários são lidos como bula de remédio, ou notinha de jornal. Naturalmente, isso faz com que alguns dos poderios e das possibilidades, que são dominadas pelo mediador, se percam, dentre eles e elas, que o receptor não consiga obter a  fascinação pelo objeto literário.
Não é necessário que faça-se exigências na Leitura pra Literatura, mas que apenas a mesma diferencie-se de uma bula de remédio ou de uma notinha de jornal, que são objetos de natureza denotativa.
Logo então, que haja uma maior reflexão sobre este tema.
Não sei quantos já aproveitaram este termo "Mediador", usado por Barthes, todavia existe uma grande carga concentrada de efeitos positivos e negativos aplicado aos receptores de mensagens literárias que estão justamente engendradas, explicitamente ou implicitamente, na função de um mediador ou recitador.
É possível causar danos na literatura quando, com o contínuo ato da  Leitura pra Literatura, permanecer, ao modo que o objeto ainda seja visto como enjoativo, chato, complexo, e passe longe dos nossos palpares, principalmente em sala de aula.
Fui criado junto a livros, e estes, sempre permaneceram ao meu lado, isso me remete a pensar no mesmo prazer que Todorov descreve amplamente nas primeiras páginas do seu livro "A Literatura em Perigo"


Além do quê, este livro, no decorrer das páginas, também critica algo pertinente a este conteúdo a qual discorro aqui, trata-se do jeito/maneira/forma em que a Literatura é ensinada no Lycée e suas consequências. Iria deixar um link aqui, em que direcionaria o leitor ao contato direto com uma publicação de um resumo que fiz sobre este livro, porém infelizmente detectei que o site está fora do ar.
Contudo, é muito frustante, principalmente pra pessoas que sempre conviveram, ainda que inocentemente, ao lado da literatura desde criança, chegar em um espaço de alto nível de ensino, e observar que ainda existe fortes efeitos que afastam as pessoas da literatura, e que podem ser remediados por intermédio do mediador.
Não existe abordamento de culpa e solução aqui, e sim de reflexão e possibilidades, o mediador não carrega a culpa nele, todavia ele é um dos fatores intermediadores de possíveis ajuda, se fizer bom proveito de quando exercer sua função, é claro.  
 A literatura não tem nada a perder com estas sugestões, os estudos literários deve dar-se ao gozo e ao prestígio dos sujeitos envolventes e dos seus objetos.


Matheus Carmo