sábado, 2 de fevereiro de 2013

O Mediador em Ação.


"[...]Todavia, o 
sentimento deste fenômeno tem sido variável; nas sociedades etnográficas 
não há nunca uma pessoa encarregada da narrativa, mas um mediador, 
châmane ou recitador, de que podemos em rigor admirar a prestação» (quer 
dizer, o domínio do código narrativo), mas nunca o «gênio»." (BARTHES,Roland.A Morte do Autor,São Paulo,2004,p.1)

A função de um mediador é de suma importância para Literatura. Ele carrega diversas possibilidades diante do ato de recitar um texto de natureza literária, e isto torna admirável a sua prestação.
Um mediador, não é o autor do objeto a qual está dando conta naquele determinado momento e espaço,
mas ele tem um poderio de grandes propriedades. Veja que agora não estou mais falando de texto em si, mas do objeto literário. Fascinar o receptor pelo objeto, é uma de suas importâncias e uma das possibilidades que o mediador tem;  outras como: enfatizar ou não enfatizar o autor, levar o objeto pra outras possíveis conotações, dar outras utilidades a obra, criar ou não criar uma ponte entre contexto histórico atual e vida do autor, construir ou desconstruir aspectos literários,etc.

Considerando o tempo e espaço como fatores que influenciam nos resultados, e ou, nas consequências, durante e após a leitura de um objeto literário, por exemplo a sala de aula e os indivíduos ali contido junto ao mediador, notoriamente percebi que há um problema no quesito, jeito/maneira/forma, em que o mediante lê este objeto. 
Identificação do mediador, sendo espaço sala de aula: Professor, aluno, e palestrante, normalmente um professor. 

A palavra ler,  agora, passa a exercer a sua real semântica quando for vista no decorrer deste ensaio, ignorando os significantes como: interpretação e análise; Falo em Leitura pra Literatura. Seja qual for o objeto, quem for o mediador, e aonde ele esteja (espaço), a leitura desse objeto (conto, poema, ensaio, leitura sobre vídeo, tela, etc) deve ser específica.
Notei que em algumas aulas de Literatura Brasileira e a Construção da Nacionalidade, e em uma palestra na disciplina Leitura de Produções Artísticas, que os objetos literários são lidos como bula de remédio, ou notinha de jornal. Naturalmente, isso faz com que alguns dos poderios e das possibilidades, que são dominadas pelo mediador, se percam, dentre eles e elas, que o receptor não consiga obter a  fascinação pelo objeto literário.
Não é necessário que faça-se exigências na Leitura pra Literatura, mas que apenas a mesma diferencie-se de uma bula de remédio ou de uma notinha de jornal, que são objetos de natureza denotativa.
Logo então, que haja uma maior reflexão sobre este tema.
Não sei quantos já aproveitaram este termo "Mediador", usado por Barthes, todavia existe uma grande carga concentrada de efeitos positivos e negativos aplicado aos receptores de mensagens literárias que estão justamente engendradas, explicitamente ou implicitamente, na função de um mediador ou recitador.
É possível causar danos na literatura quando, com o contínuo ato da  Leitura pra Literatura, permanecer, ao modo que o objeto ainda seja visto como enjoativo, chato, complexo, e passe longe dos nossos palpares, principalmente em sala de aula.
Fui criado junto a livros, e estes, sempre permaneceram ao meu lado, isso me remete a pensar no mesmo prazer que Todorov descreve amplamente nas primeiras páginas do seu livro "A Literatura em Perigo"


Além do quê, este livro, no decorrer das páginas, também critica algo pertinente a este conteúdo a qual discorro aqui, trata-se do jeito/maneira/forma em que a Literatura é ensinada no Lycée e suas consequências. Iria deixar um link aqui, em que direcionaria o leitor ao contato direto com uma publicação de um resumo que fiz sobre este livro, porém infelizmente detectei que o site está fora do ar.
Contudo, é muito frustante, principalmente pra pessoas que sempre conviveram, ainda que inocentemente, ao lado da literatura desde criança, chegar em um espaço de alto nível de ensino, e observar que ainda existe fortes efeitos que afastam as pessoas da literatura, e que podem ser remediados por intermédio do mediador.
Não existe abordamento de culpa e solução aqui, e sim de reflexão e possibilidades, o mediador não carrega a culpa nele, todavia ele é um dos fatores intermediadores de possíveis ajuda, se fizer bom proveito de quando exercer sua função, é claro.  
 A literatura não tem nada a perder com estas sugestões, os estudos literários deve dar-se ao gozo e ao prestígio dos sujeitos envolventes e dos seus objetos.


Matheus Carmo 
       

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