quinta-feira, 23 de agosto de 2012

A Doença das Palavras


                                         A Pantera Cor de Rosa - Manoel De Barros

Este vem a ser um breve ensaio que, se sucede por intermédio de uma antiga análise literária sobre Manoel de Barros, já feita por mim; logo desenvolverei o texto com ênfase em extrair a medida certa desta temática utilizando os corpos literários como: Análise Crítica, Signos, Teoria da Mensagem. Passeando por "Litertura Pra Quê", "A Morte do Autor", e "Aula" (Antoine Compagnon e Roland Barthes).

O Objetivo é justamente de utilizar um pouco dos corpos acima citados, e relacionar o Poeta, Poema, e Leitor através da ANALOGIA que escorrerá por aqui.
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                                                      A DOENÇA DAS PALAVRAS
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                                                 PINK PANTHER PSYCHEDELIC HD

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"Descobri aos 13 anos que o que me dava prazer nas leituras não era a beleza das palavras, mas a doença delas." (Manoel De Barros)


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A Pantera Cor de Rosa cai no perfeito quadro poético de tornar-se um 'ser', e ou, 'criatura' - como queira chamar - de uma curta obra, onde despertou-me a atenção.
Por gostar muito do poetinha bocó, Manoel de Barros, ao assistir o vídeo veio-me a percepção das analogias entre o 'desenho' e a frase declarativa do poeta.

No vídeo, a Pantera descobre um 'universo' engendrado no imaginário da obra, universo esse, escondido detrás d'uma porta, contido por uma infinitude de livros, mais um baixinho hippie - que deve trabalhar na 'biblioteca' -, e a loja de luzes - d'onde vem o cigarro, a lâmpada, o isqueiro, e a luz, que faz jus a explicitação do surgimento das ideias -. Dando o significante de 'Poeta' - Escritor - para a Pantera, de 'Poema' para o livro escolhido pela Pantera, e de 'Leitor' para o 'Hippie' trabalhador da biblioteca, em '1:56' do vídeo fica notório que o Poema é salvo pelo Leitor, enquanto que o Poeta pouco se importa para eventuais estudos (A morte Do Autor - Roland Barthes). O Poema chega salvo, vivo, sem desabrochar-se no solo, em seu estado mais invicto de saúde, todavia é intrinsecamente que o Poema, brevemente, venha a falecer, ao seu estado desajustado mais doentio. O Poema é morto pela bunda do Leitor; o Poeta, apenas faz jus ao "Todo cuidado é pouco", a pesar disso, é justamente o Escritor que tenta fazê-lo viver, juntamente com a presença do Poeta (3:46 min)

Então, partindo pelo método dos Significados, acho interessante esta relação unida, quando há possibilidades, entre o Poeta, Leitor, e o Poema (Receptor, Emissor, e a Mensagem). O proveito da existência do Poeta e a existência de qualquer contato na qual seja possível a comunicação real entre ambos, é um privilégio raro que a literatura nos proporciona, o Manoel  de Barros deve estar com os teus 96 anos de idade, bem vividos (não sei), mas só a graça de imaginar poder tirar uma tarde pra tomar uma cachacinha Mato Grossense e mostrar alguns dos estudos que faço com as obras dele para fins de bate papo, sei lá, ... seria magistral, agradeceria eternamente a essa condição universal.
Contudo, analisando o vídeo, no momento da recuperação do Poema, que acontece em uma tal clínica,... o Poeta passa mal por uns instantes: Ele não aguenta ver o sangue, a doença das palavras, ou o Poema ser tratado daquele jeito?

Talvez o Manoel ficaste triste, já que a doença das palavras tem seu valor.

-------Passagens-------

Uma análise feita de um poema pode chegar ao grau de lágrima prum poeta - tristeza ou felicidade -.

Se agraciar com um poema e deixar por isso mesmo, sem dar uma continuidade ao estudo de carácter científico, é um gozo da poesia.
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Se eu digo:
Quando fui compor, a palavra já estava lá, acamada na partitura, morrendo de febre... me esperando, pra ganhar vida.

Faz-se possível uma extensa análise crítica; discorrer a frase pela temática deste ensaio, também é um trabalho oportuno

E uma frase desta natureza tem inigualável semelhança para com a do Manoel.

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A Doença das Palavras

O que vem a ser palavra doentia?

A doença é o 'absurdo', tudo aquilo que foge do padrão classicista poético de ser.

O poeta então, comete o absurdo, e tem apreço pelo absurdo.

O poeta faz 'absurdez'.

Dizer que não existe palavra doente, ou que a palavra não pode ficar acamada morrendo de febre esperando pelo compositor, é o extremo ar 'não poético' de encarar os campos literários exalando na percepção de quem ler.

Dar entendimento a essas relações poéticas fazem parte de um olhar científico.

A doença das palavras não podem ser curadas nem por Manoel, nem pelo Hippie e nem pela Pantera, mas sim por você, por mim, quiçá outrora.
O absurdo, do qual eu discerni aqui, tem como função despertar nossas percepções dos sentidos comuns para os sentidos incomuns, quando objetos inanimados ganham sentido incomuns, passam a fazer parte da poesia, sendo encarada como vida.

"Moro em frente a duas aves" (Manoel de Barros)

Como podemos encarar esta frase, se não por doentia?

- cri cri cri, Aí as aves voam e ele mora agora em frente do quê? cri cri cri (grilo falante)

É esta, por onde assim dizer, total 'absurdez', que tomemos nota como Doentia. E este absurdo, assim como a Pantera Cor de Rosa, por si só, também vem a se encaixar no quadro poético de virar um 'ser', e ou, 'criatura' desta obra viva.

O fato de 'procurar' dar sentido, ou criar sentido a estas coisas, partem da mesma 'procuração' que qualquer discurso, venha a ter. Eis a procuração das palavras! Desafio básico de todo "Artista", é em uma composição, em uma redação, em um poema, no próprio discurso, em uma historinha de HQ's etc.

Mas o grau de 'Doença' - Absurdo - principalmente, em um texto de natureza literária, é infinito. Ele tende a se expandir por quanto o 'criador' deixar.

Escrever: Eu sou procurado pelas palavras

É uma maneira de ultrapassar, e ou, comprovar as ilimitações poéticas.

No entanto, um ser que não consegue ter a percepção diante de escritos como este... permite-se a deixar  minha construção quanto a importância de poder entrar em contato com o poeta, viva. Sabendo que este nunca foi o único meio de chegar no autor, mas sim um dos... de privilégios, digamos assim.

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Em análise, o Poeta (Pantera), chegou próximo da Porta (The Doors of Perception), assim como o Trabalhador Hippie (Leitor) e até o Poema, eles desfecham-se juntos, e toda hipnotização transmitida pelo olho da porta finda-se por deixa-los no ponto de partida.

Será que é agora que ele está pronto pra entrar ou tudo foi só uma Mímeses?

É válido que o capítulo do desenho se vincula como provável fonte de influência também, pelo livro acima, escrito dentro dos parênteses:  The Doors of Perception de Aldous Huxley

A união dos 'três personagens' (sim, o livro foi tido como um personagem, neste ensaio), dar-se do início ao "fim", com exceção do exato final, pois o poeta... não entra mais na porta, deixa o papel da 'VIAJEM' da 'GRAÇA', e de se encantar com a 'DOENÇA' para o Leitor e para o Poema...


Para VOCÊ e o POEMA!


Matheus Carmo





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