sábado, 19 de janeiro de 2013

Carlos e o Imaginário.

Peguei-me pensativo quando você disse que queria toda sinceridade 
que era assim que devia ser. Eu tenho muita bagagem acumulada pra você saber de tudo, mas eu sabia
eu sabia, eu tinha muita certeza, você não iria aguentar quando eu dividisse alguns erros, quando eu abusasse do pronome possessivo, quando eu resolvesse xingar o mar, quando eu resolvesse beber sozinho, quando eu dissesse que fui bloqueado pra agir assim e assado. É pena não existir um violão em cada canto da esquina, uma Primavera em cada Verão, uma Catarse em cada prontidão, um cérebro igual a cada precisão.
Há sistemas isolados, instrumentos que mesmo eu não sabendo tocar, só restritamente eu, preciso o aprender, porque ninguém quer, porque ninguém precisa, porque ninguém se importa, porque ninguém é igual.
O saudosismo me vem a tona, junto a fé e a esperança...fudido estaria se vivesse disso. 
Eu te falei:
-Vamos desconstruir, é necessário, é melhor.
Mas tudo que me vem, é o entendimento de que me sinto um velho, chato, e muito maduro diante de momentos dos vinte. Não importa, eu me jogo no devaneio, no escorregar da casca da banana na cerâmica lisa desse encharque.
Gente que leva
Gente que se leva
Gente que da queda
E meu lado pessoal, não há nada em ti. Aqui nada chega.
Sair desse estágio pra outro com o aprendizado errado, torto, mutilado, é barril, é estrago, é esparro.
O melhor é a dois, porque bom e gostoso é assim, a dois.
Venha logo, 
Não demore muito,
Eu posso estar confuso, é melhor aproveitar;
Aquele dia que deitei na sua placenta,
pra dizer-lhe: Te amo.
Isso eu não confundo.


Matheus Carmo




3 comentários:

  1. Muito bom cara, Bahia em poesia, contemporaneidade, muito lindo, gostei pra caramba!

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  2. Muito obrigado, Álisson! Abraços, camarada!

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  3. "-Vamos desconstruir, é necessário, é melhor."
    Há desconstruções que são construções mais sólidas e seguras que as (pré)construções. Melhor desconstruir e construir uma realidade melhor, como uma luva certa, que perpetuar uma construção dolorosa e apertada. Não nos apertemos, "-Vamos desconstruir, é necessário, é melhor.".
    Show de bola, meu velho.

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