quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Cocô da Poesia


Eu preciso fazer um versinho com cheiro de merda,
com o "erre" bem fricativo
com alguns fonemas glotais também.
Um que cague na calçada
e deixe a poesia assada
de palavras mal acostumadas
daquelas que não sirvam pra nada...
e é delas, que tudo serve pra mim.
Eu preciso que esse poema diga:passagem, seguida, nova jornada
Será Fim - Venha!
Diga Foda-se pra muita coisa
pois tudo quanto  for-lhe querido precisará de seguir
e irá seguir.
Quero um um poema em que eu possa ralar o verbo no asfalto e,
tirar grau seco de qualquer advérbio,
deixar ao meu modo
em qualquer lugar.
Me pariram poeticário
nasci pelo cu da poesia
a qual anal sirva de bom material
pra nossa envaginação.
Eu gosto de envaginar as coisas.
Eu gosto demais do que de mais.
Eu gosto mais disso e mais daquilo.
A poesia deve cagar em minh'alma quando escrevo;
E eu não costumo limpar
prefiro deixar esse lodo podre escorrer grosseiramente pelas minhas costas
deslizando no furico da alma, no muco do cocô
a fazer musgos
fedendo adjetivamente muito
pelo sebo, pelas glândulas sudoríparas

Meu poema é um cocô cheiroso.
E eu cheiro a cocô.
Uso máquinas pra esmagar frases e deixar as palavras bem apertadas
Quando as palavras se apertam elas perdem suas classes gramaticais
e elas passam a ser aquilo que as mesmas querem ser...
as minhas querem ser nada ou cocô.
quem faz nada é bocó, quem faz cocô, cheira a cocô
eu sou um bocó cheirando a cocô.
outros poetas preferem transformar as palavras naquilo que querem.
Acho que morfema não se obriga, mas passa.
o meu, assa.
a minha, ava.
o dela, aba
o dele, arfa.


Matheus Carmo




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