Uma hora e meia no ponto de ônibus,
os pulmões confortáveis que já não cabia mais cigarro,
a paciência na casa da porra, e a raiva à mil.
- Ele ainda não chegou amor, tô com muita raiva. Pegue a sessão, pague a minha, dê um jeito,
nem que eu chegue na metade do filme, eu irei, eu vou assistir.
O buzu chega.
Eu chego.
Solto.
Chego lá, vejo ela, ela me vê, aquele beijo, só serenidade.
- Pergunta a moça se tem como a gente entrar ainda
Ai eu respondo dizendo:
- Ta bom.
- Boa Noite minha querida, já se passou quanto tempo de filme?
- Já se passaram 40 minutos. (Ela me responde, na macia calma chuvosa da voz)
- Falta quanto tempo pro filme acabar? (Eu estava ansioso pela resposta, esperando algo como pelo menos, uma hora)
- Faltam 53 minutos pro filme acabar, senhor.
Ainda assim fiquei feliz da vida, pensando: ainda tem tempo pra caramba!
- Tem como entrar ainda?
Positivamente ela me diz que sim.
-Então, me vê dois ingressos que eu quero entrar! Exclamei.
Esperava só pelo ato dela de me entregar os ingressos, mas não, eu fui surpreendido:
- Olha, trabalho na produção, eu tenho dois convites e eu vou lhe dar pra você assistir.
- Nossa, sério? Perfeito! Muitíssimo obrigado!
Ela nos leva até a sala e eu entro, com a melhor companhia que poderia existir, meu filho e minha mulher.
Entrando na sala:
Lágrimas,
lágrimas
choro.
Saindo da sala:
"Imagens são palavras que nos faltaram"
Matheus Carmo
Porra, velho. Vou ficar com essa frase do final na cabeça. Muito intenso esse texto, show de bola!
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